O Absinto: Sua História e 40 Tipos de Drinks Usando Absinto

Introdução ao Absinto

O absinto, frequentemente apelidado de “Fada Verde”, é mais do que apenas uma bebida alcoólica. Possui uma rica trajetória cultural e histórica, marcada por períodos de grande popularidade e controvérsias. Este licor único cativa não apenas por seu sabor intenso e distinto, mas também por sua profunda influência na arte, literatura e cultura boêmia europeia dos séculos XIX e XX.

É impossível falar do absinto sem mencionar suas propriedades enigmáticas. A combinação de ervas como anis, funcho e a erva-doce, misturadas com a artemísia absintium, lhe confere não só um sabor característico, mas também uma aura de mistério. Muitos acreditavam que o consumo de absinto levava a estados alterados de percepção e criatividade, o que, sem dúvida, contribuiu para sua mística.

Contudo, nem tudo sobre o absinto é envolto em glamour e fascínio. Houve períodos em que a bebida foi duramente criticada e até mesmo proibida em diversos países. Seus supostos efeitos alucinógenos levantaram preocupações sérias entre governos e autoridades de saúde pública, resultando em sérias restrições em sua produção e venda.

Hoje, o absinto vive uma espécie de renascimento moderno. Nova legislação e clareza sobre sua composição e efeitos ajudaram a restaurar sua reputação. É agora apreciado de várias maneiras, seja no tradicional ritual de servir com água e açúcar ou em sofisticados coquetéis contemporâneos.

A Origem do Absinto

A história do absinto tem suas raízes na antiguidade. Os antigos egípcios, por exemplo, já usavam a erva artemísia em preparações medicinais. Acredita-se que os gregos antigos, incluindo Hipócrates, recomendavam o absinto para tratar diversas condições, desde icterícia até reumatismo.

O absinto que conhecemos hoje começou a se formar na Suíça, no final do século XVIII. Dr. Pierre Ordinaire, um médico francês, é frequentemente creditado por destilar a primeira fórmula verdadeira do absinto enquanto estava exilado em Couvet, um vilarejo suíço. Ele acreditava nas propriedades medicinais da bebida e a utilizava para tratar pacientes.

A comercialização do absinto começou verdadeiramente quando Henri-Louis Pernod, fundador da destilaria Pernod Fils, começou a produção em grande escala. A popularidade da bebida cresceu rapidamente na França e em outros países europeus, especialmente entre artistas e escritores.

A História do Absinto na Europa

O auge da popularidade do absinto na Europa ocorreu entre o final do século XIX e o início do século XX. Em Paris, o absinto tornou-se uma bebida de culto entre a boêmia artística. Figuras conhecidas como Vincent van Gogh, Oscar Wilde e Ernest Hemingway foram entusiastas notórios do absinto, creditando-lhe uma inspiração criativa.

A “heure verte” ou “hora verde” era um momento do dia, geralmente ao anoitecer, onde os cafés de Paris ficavam repletos de pessoas servindo absinto. A cor verde distintiva da bebida, resultante da clorofila das ervas utilizadas, tornou-se um símbolo cultural. Essa prática ilustra o peso cultural e social que o absinto conseguiu durante esses anos.

No entanto, o absinto não foi sempre visto com bons olhos. A bebida tornou-se alvo de acusações de causar danos à saúde, incluindo alucinações, insanidade e comportamento criminoso. Um dos incidentes mais conhecidos que contribuíram para a má reputação do absinto foi o caso de Jean Lanfray, um fazendeiro suíço que, depois de consumir absinto (entre outras bebidas alcoólicas), cometeu um duplo homicídio em 1905.

A Controversa Legalização do Absinto

Em resposta aos crescentes temores públicos e médicos sobre os efeitos do absinto, muitos países começaram a banir a bebida no início do século XX. A Suíça foi um dos primeiros países a proibir o absinto, logo seguida pela Bélgica, Holanda, Estados Unidos e França.

Muitas dessas proibições estavam baseadas na crença de que a tujona, um componente encontrado na artemísia absintium, era um potente alucinógeno. Estudos mais recentes, no entanto, demonstraram que as quantidades de tujona presentes no absinto tradicional são insuficientes para causar efeitos alucinógenos.

A descriminação do absinto começou a ser revertida na década de 1990. Em 1988, a Comunidade Econômica Europeia (CEE) estabeleceu regulamentações permitindo a comercialização de absinto com níveis controlados de tujona. Países como a Espanha e a República Tcheca nunca proibiram a bebida, mantendo sua produção e consumo ao longo dos anos.

Atualmente, o absinto é amplamente legal em muitos países, embora continue sujeito a regulamentações estritas em termos de composição e rotulagem. A retomada do interesse pela “Fada Verde” levou a uma nova onda de destiladores que produzem absinto segundo métodos tradicionais.

Os Componentes Básicos do Absinto

O absinto é uma bebida destilada que combina várias ervas e plantas. Os ingredientes básicos incluem:

• Artemísia absintium (losna): Esta erva é a alma do absinto, conferindo-lhe sua amargura característica.
• Anis: Contribui com um sabor doce e licoroso, essencial para o perfil aromático do absinto.
• Funcho: Complementa o anis com uma doçura adicional e complexidade aromática.

Além dessas ervas principais, muitas receitas de absinto incluem outras plantas para enriquecer o sabor e a cor. Entre elas estão a erva-cidreira, hissopo, angélica, coentro e folhas de menta.

A qualidade dos ingredientes é fundamental para a produção de um bom absinto. As ervas devem ser frescas e de alta qualidade para garantir a integridade do sabor e dos aromas. Essa atenção aos detalhes é o que permite que o absinto se destaque entre outras bebidas destiladas.

O Processo de Produção do Absinto

A produção do absinto segue um processo meticuloso que envolve várias etapas:

1. Infusão das Ervas: As ervas são inicialmente maceradas em álcool para extrair seus óleos e essências.
2. Destilação: A mistura macerada é então destilada. O vapor condensado resultante captura os sabores concentrados das ervas.
3. Coloração: Após a destilação, alguns absintos passam por uma fase de coloração secundária. Novas ervas, como o hissopo ou a artemísia pontica, são adicionadas para conferir a cor verde característica (daí o nome “fada verde”).
4. Diluição e Maturação: O líquido destilado é diluído até o teor alcoólico desejado e deixado para envelhecer, permitindo que os sabores se integrem e se harmonizem.

Este processo pode levar de algumas semanas a vários meses, dependendo do método de produção e da qualidade desejada.

A Cultura do Absinto: Mitos e Lendas

O absinto é um dos espirituosos mais envoltos em mitos e lendas. Isso se deve em parte à sua forte associação com figuras artísticas e literárias notórias.

Mito da Alucinação

Um dos mitos mais persistentes é o de que o absinto causa alucinações. Isso surgiu em parte devido à presença de tujona. Contudo, estudos modernos mostraram que as quantidades de tujona nos absintos modernos são seguras e insuficientes para causar tais efeitos.

Lendas do Artista

Figuras como van Gogh e Baudelaire ajudaram a cimentar a reputação do absinto como uma bebida que estimula a criatividade e a visão artística. Essas lendas contribuem para o charme “boêmio” associado ao absinto.

Fada Verde

A “Fada Verde” é uma figura mística que supostamente aparece aos que bebem absinto. Esta personificação da bebida surgiu na literatura e na cultura popular, reforçando a ideia de que o absinto possui propriedades mágicas.

Formas de Consumir Absinto

O absinto pode ser consumido de diversas formas, cada uma resaltando aspectos diferentes desta bebida complexa.

Puro

Alguns apreciadores preferem beber absinto puro, mas devido ao seu alto teor alcoólico, esta prática é recomendada apenas para quem tem familiaridade com seus efeitos e sabores intensos.

Com Água

A maneira mais tradicional de consumir absinto é diluí-lo com água fria. Este método realça os sabores e diminui o impacto do álcool, permitindo uma experiência mais equilibrada.

Absinto com Açúcar

Adicionando uma colher de açúcar sobre uma absinthe spoon (colher específica para absinto) permite que a bebida se torne um pouco mais doce, suavizando a intensidade e adicionando uma dimensão interessante ao paladar.

O Ritual Tradicional do Absinto

O ritual tradicional de servir absinto é quase uma performance:

1. Gelar a Taça: Coloque água fria para resfriar o copo antes de servir o absinto.
2. Servir o Absinto: Coloque uma dose de absinto no copo.
3. Usar a Colher de Absinto: Coloque uma colher de absinto sobre o copo e uma ou duas pedras de açúcar sobre a colher.
4. Adicionar Água Gelada: Lentamente, despeje água gelada sobre o açúcar, permitindo que ele derreta e se misture com o absinto. A bebida deve começar a “louchar”, adquirindo uma aparência opalescente ao misturar-se com a água.
5. Apreciar: Quando a mistura estiver bem combinada, cerca de quatro partes de água para uma de absinto, está pronta para ser bebida lentamente.

Receitas Clássicas de Drinks com Absinto

Além do ritual tradicional, várias receitas clássicas utilizam absinto como ingrediente base. Aqui estão algumas das mais célebres:

Sazerac

Um clássico de Nova Orleans, o Sazerac é um coquetel forte e robusto.

Ingredientes:

• 1 cubo de açúcar
• 3 dashes de bitters de Peychaud
• 44 ml de uísque de centeio
• 1 colher de chá de absinto

Instruções:

1. Em um copo de coquetel, misture o cubo de açúcar com os bitters.
2. Adicione o uísque de centeio e o absinto.
3. Mexa com gelo e coe para um copo resfriado.

Corpse Reviver No. 2

Um coquetel refrescante e revitalizador.

Ingredientes:

• 22 ml de gim
• 22 ml de Cointreau
• 22 ml de Lillet Blanc
• 22 ml de suco de limão fresco
• 1 dash de absinto

Instruções:

1. Combine todos os ingredientes em uma coqueteleira com gelo.
2. Agite vigorosamente e coe para um copo de coquetel.

40 Tipos de Drinks Usando Absinto

A versatilidade do absinto permite a criação de uma ampla gama de coquetéis. Aqui vai uma lista de 40 drinks que utilizam absinto como estrela principal ou coadjuvante crucial.

Lista de Coquetéis

Conclusão

A trajetória do absinto ao longo dos séculos é uma celebração de mistério, criatividade e renascimento. Desde suas raízes medicinais na antiguidade até seu status de musa para boêmios e artistas, o absinto continua a cativar e encantar entusiastas de bebidas em todo o mundo.

Este renascimento moderno do absinto, ancorado em métodos tradicionais de produção e uma nova clareza sobre seus componentes e efeitos, permitiu que a “Fada Verde” reassumisse seu papel como um espírito celebrado e sofisticado. Sua versatilidade em coquetéis só reforça a riqueza de experiências que pode proporcionar.

Seja apreciado puro no ritual clássico ou como parte de um coquetel inovador, o absinto permanece um testemunho da engenhosidade humana na criação de bebidas que transcendem o simples ato de beber, elevando-o a uma experiência cultural e sensorial.

Recapitulando

1. Origem: As raízes medicinais do absinto e sua formulação moderna na Suíça do século XVIII.
2. História na Europa: A ascensão e culto do absinto entre artistas no século XIX e início do século XX.
3. Controvérsia: As proibições baseadas em temores de toxicidade e alucinações causadas pela tujona.
4. Composição e Produção: Ervas básicas como artemísia, anis e funcho, e o processo detalhado de produção.
5. Cultura, Mitos e Lendas: Influência do absinto na arte e literatura e os mitos que o cercam.
6. Formas de Consumo e Ritual Tradicional: Maneiras de servir e o ritual clássico de diluição com água.
7. Receitas Clássicas e 40 Coquetéis: Desde clássicos como o Sazerac até uma lista abrangente de coquetéis usando absinto.

FAQ

1. O que é absinto?

Absinto é uma bebida alcoólica destilada feita com ervas, incluindo artemísia absintium, anis e funcho.

2. O absinto realmente causa alucinações?

Não, os níveis de tujona no absinto moderno são insuficientes para causar alucinações.

3. Como devo consumir absinto?

Tradicionalmente, o absinto é diluído com água gelada e, às vezes, açúcar.

4. Absinto é ilegal?

O absinto é legal na maioria dos países, desde que atenda às regulamentações locais em termos de composição.

5. Qual é a origem do absinto?

O absinto moderno originou-se na Suíça no século XVIII, embora suas raízes remontem à medicina antiga.

6. Quais são alguns coquetéis famosos com absinto?

Alguns coquetéis famosos incluem Sazerac, Corpse Reviver No. 2 e Death in the Afternoon.

7. O que significa “louchar”?

É o processo onde o absinto se torna opalescente quando misturado com água.

8. Quem são algumas figuras históricas ligadas ao absinto?

Vincent van Gogh, Oscar Wilde e Ernest Hemingway são alguns dos nomes mais conhecidos.

Referências

1. Adams, Jad. “Hide